HISTÓRIA DE UM JOGADOR

Eram 7h da manhã e Robson já estava de pé!!! Como sempre.

Havia tomado seu café da manhã, nem mal se despediu de sua esposa e já o ônibus buzinava em frente a sua casa... era o ônibus do time de futebol! Robson era atacante do time e naquele dia iria jogar contra seu time rival... sua torcida já estava toda preparada!!! A do outro time também!!!

Sempre ao entrar no campo de futebol Robson tinha a mania de fechar os olhos e fazer o sinal da cruz... pedindo a Deus que o ajudasse mais um dia... e naquele dia, em especial, ao abrir os olhos sentiu uma tontura... o chão parecia desabar, mas sentia isso apenas quando pisava com o pé esquerdo. Virou-se rapidamente para trás como que pedindo ajuda e viu toda aquela torcida e um medo grande apoderou-se dele, suas mãos começaram a suar frio, foi quando ele resolveu voltar para o vestiário. Com a ajuda de um colega do time conseguiu caminhar, porém, seu coração batia aceleradamente e sua respiração, cada vez mais curta, o fez sentir falta do ar. Vou morrer aqui!!! Pensou ele. Pediu então que o levassem para o pronto-socorro, era grave seu caso.

Chegando ao hospital, todos os exames foram feitos e nada acusou de tão grave. O médico passou um calmante e disse que ele estava ansioso demais, orientando-o a ir para casa descansar.

No outro dia, ele se sentia muito bem!!! Era um novo dia e ele iria fazer o que sempre amou fazer, jogar futebol. Chegando ao estádio, novamente a mesma sensação de morte e todos os sintomas vieram a tona. Diante desse quadro seus dias limitaram-se a ficar em casa, ali estaria seguro. Largou o emprego de jogador e passou a trabalhar como segurança noturno de uma empresa privada... ali não teria que ver muita gente. Trabalha sozinho e em uma sala fechada. Esta seguro.

Depois de percorrer várias especialidades médicas, Robson resolveu ir a um psiquiatra que o diagnosticou com Síndrome do Pânico, encaminhando-o para a Terapia Ocupacional onde iniciou o tratamento. Nos primeiro atendimentos avaliações e treinos específicos para minimizar sua ansiedade; logo depois exposição às situações que lhe traziam tanto pavor; em meio a tantos outros recursos e atividades com objetivos específicos para sua patologia, complementando o tratamento passou a fazer acupuntura auricular, o que trouxe enormes benefícios.

Ele ainda tem recidivas de suas crises de pânico, todavia o tempo entre uma e outra diminuiu acentuadamente; ele também sabe enfrentá-las, minimizando seus efeitos.

Robson continua trabalhando de segurança em uma empresa; mas é apenas para complementar sua renda, pois vem aí seu primeiro filho e ele já sonha em ensiná-lo a dar os primeiros chutes na bola.

Durante o dia Robson treina e joga seu futebol de sempre... o que tanto o faz bem!!!